Bairro João de Deus com cara lavada até 2021
SA 25-06-2019 às 18:29
O Bairro João de Deus, na vila de Arruda dos Vinhos, é o primeiro a ser financiado pelo programa do Estado “Primeiro Direito” que tem em vista a devolução das condições de habitação condigna aos moradores em bairros degradados ou a necessitar de obras urgentes. Pedro Nuno Santos, ministro da Habitação, esteve em Arruda, onde falou de um “acontecimento histórico”. Para o governante está dado “um enorme passo na dignidade da pessoa humana” com o arranque deste programa.
Recorde-se que o projeto para Arruda compreende a requalificação do bairro com o propósito da melhoria das condições de habitabilidade nos 16 fogos existentes, mantendo a traça arquitetónica, sendo que oito fogos serão de tipologia T0 e oito de T1. Esta componente tem um custo de 523 mil 706,01 euros já incluindo os arranjos exteriores. Ao mesmo tempo proceder-se-á à construção de um novo edifício com 15 fogos distribuídos por 3 pisos e uma ocupação de 5 fogos por piso com as tipologias T1 (3 fogos), T2 (6 fogos) e T3 (6 fogos). O custo já com os arranjos exteriores é de 949 mil 982,08 euros. Haverá ainda uma requalificação do espaço público envolvente, com a construção de novas infraestruturas de mobilidade e estacionamento, hortas comunitárias e espaço lúdico, do tipo auditório ao ar livre. “Seria muito difícil a Câmara conseguir se não fosse o Primeiro Direito”, referiu o presidente da autarquia, André Rijo. Da verba total recebe a fundo perdido cerca de 443 mil euros do Estado via Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana. O município terá ainda acesso a um empréstimo bonificado de outros 443 mil euros. Os restantes cerca 600 mil serão suportados pela autarquia. O autarca deu a conhecer que “se tudo correr bem temos condições para se lançar entretanto o concurso e fazer a adjudicação, com a conclusão das obras em 2021”.
Pedro Nuno Santos vincou que este Primeiro Direito vai muito além do Programa Especial de Realojamento (PER) desenvolvido nos anos 90 que visava acabar com as barracas nas áreas metropolitanas.
Recorde-se que o projeto para Arruda compreende a requalificação do bairro com o propósito da melhoria das condições de habitabilidade nos 16 fogos existentes, mantendo a traça arquitetónica, sendo que oito fogos serão de tipologia T0 e oito de T1. Esta componente tem um custo de 523 mil 706,01 euros já incluindo os arranjos exteriores. Ao mesmo tempo proceder-se-á à construção de um novo edifício com 15 fogos distribuídos por 3 pisos e uma ocupação de 5 fogos por piso com as tipologias T1 (3 fogos), T2 (6 fogos) e T3 (6 fogos). O custo já com os arranjos exteriores é de 949 mil 982,08 euros. Haverá ainda uma requalificação do espaço público envolvente, com a construção de novas infraestruturas de mobilidade e estacionamento, hortas comunitárias e espaço lúdico, do tipo auditório ao ar livre. “Seria muito difícil a Câmara conseguir se não fosse o Primeiro Direito”, referiu o presidente da autarquia, André Rijo. Da verba total recebe a fundo perdido cerca de 443 mil euros do Estado via Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana. O município terá ainda acesso a um empréstimo bonificado de outros 443 mil euros. Os restantes cerca 600 mil serão suportados pela autarquia. O autarca deu a conhecer que “se tudo correr bem temos condições para se lançar entretanto o concurso e fazer a adjudicação, com a conclusão das obras em 2021”.
Pedro Nuno Santos vincou que este Primeiro Direito vai muito além do Programa Especial de Realojamento (PER) desenvolvido nos anos 90 que visava acabar com as barracas nas áreas metropolitanas.
O projeto arrudense aposta também na eficiência energética e utilização eficiente dos recursos, nomeadamente, na utilização das águas pluviais para regas, e de águas para fins de utilização sanitária, prevendo-se também a melhoria em termos de desempenho energético dos edifícios existentes e a classificação de "A" para o novo edifício.
Seguiu-se uma visita ao bairro, onde o governante, e restante comitiva composta, ainda, pela secretária de Estado da Habitação, Ana Pinho, e do secretário de Estado das Autarquias Locais, Carlos Miguel, ficaram a conhecer o interior de uma das habitações que necessita de algumas obras urgentes, bem como o espaço nas traseiras onde vai ser construído o bloco habitacional.
Moradores ansiosos pelas obras
Ana Crisóstomo cresceu no bairro numa das casas da ponta. Foi ela quem recebeu a comitiva. Nesta casa chegaram a morar seis pessoas, mas atualmente apenas o seu pai ainda a habita. Necessita de obras e por isso é com bons olhos que a renovação anunciada é bem-vinda. “Será uma diferença da noite para o dia, pois como viu os quintais estão uma desgraça, com a proliferação de ratos e outras pragas, logo com a construção do prédio aqui atrás vai contribuir para que a realidade seja melhorada”. A filha do morador diz que no verão a situação das pragas agudiza-se e ao mínimo descuido com a porta, podem entrar ratos. Ana Crisóstomo refere que as divisões da casa têm um bom tamanho quando pensamos que o seu pai vive sozinho. Em dada altura acrescentou-se mais uma divisão quando havia mais família a viver na habitação. A tipologia da casa é T2, “ e nunca faltou capacidade de organização mesmo quando morávamos juntos”. Há outras vantagens neste bairro onde morou vários anos – “Temos estacionamento lá atrás e é bastante sossegado”. As condições térmicas das habitações (que espera que venham a ser melhoradas), é que, atualmente, não são as mais desejáveis – “São quentes com fartura no verão, e o oposto no inverno”. Recentemente a casa recebeu um novo contador da luz, porque o anterior já precisava de uma urgente reforma.
Ana Crisóstomo refere que nunca existiu qualquer estigma em relação ao bairro em Arruda, na sua opinião. “Vivemos aqui há muito tempo. Já vi crescer algumas pessoas, e outras viram-me crescer”. O bairro é maioritariamente habitado por pessoas mais velhas. No caso do seu pai há cerca de oito anos que pede por estas obras anunciadas no dia 29 com pompa e circunstância.
Em 2005 chegou a ser lançado um outro projeto que previa a construção de três blocos habitacionais para habitação social mas noutra zona da vila.Chegou a ser publicado em Diário da República mas não apareceram concorrentes para a execução do projeto. Esta solução previa fazer desaparecer o atual bairro. Para Ana Crisóstomo essa ideia também “era boa”, talvez porque “a nossa família nem sempre morou aqui e como tal temos uma diferente visão das coisas, possivelmente para outras pessoas mais idosas que vivem aqui no bairro seria mais complicado”. Por exemplo “temos o caso de uma senhora que prefere estar sozinha em casa do que estar num centro de dia. São casas onde as pessoas viram crescer os filhos, e depois saírem. Ou onde o marido acabou por ter os seus últimos minutos de vida. Foi dentro destas casas”, refere para explicar o apego dos moradores mais idosos ao bairro.
Seguiu-se uma visita ao bairro, onde o governante, e restante comitiva composta, ainda, pela secretária de Estado da Habitação, Ana Pinho, e do secretário de Estado das Autarquias Locais, Carlos Miguel, ficaram a conhecer o interior de uma das habitações que necessita de algumas obras urgentes, bem como o espaço nas traseiras onde vai ser construído o bloco habitacional.
Moradores ansiosos pelas obras
Ana Crisóstomo cresceu no bairro numa das casas da ponta. Foi ela quem recebeu a comitiva. Nesta casa chegaram a morar seis pessoas, mas atualmente apenas o seu pai ainda a habita. Necessita de obras e por isso é com bons olhos que a renovação anunciada é bem-vinda. “Será uma diferença da noite para o dia, pois como viu os quintais estão uma desgraça, com a proliferação de ratos e outras pragas, logo com a construção do prédio aqui atrás vai contribuir para que a realidade seja melhorada”. A filha do morador diz que no verão a situação das pragas agudiza-se e ao mínimo descuido com a porta, podem entrar ratos. Ana Crisóstomo refere que as divisões da casa têm um bom tamanho quando pensamos que o seu pai vive sozinho. Em dada altura acrescentou-se mais uma divisão quando havia mais família a viver na habitação. A tipologia da casa é T2, “ e nunca faltou capacidade de organização mesmo quando morávamos juntos”. Há outras vantagens neste bairro onde morou vários anos – “Temos estacionamento lá atrás e é bastante sossegado”. As condições térmicas das habitações (que espera que venham a ser melhoradas), é que, atualmente, não são as mais desejáveis – “São quentes com fartura no verão, e o oposto no inverno”. Recentemente a casa recebeu um novo contador da luz, porque o anterior já precisava de uma urgente reforma.
Ana Crisóstomo refere que nunca existiu qualquer estigma em relação ao bairro em Arruda, na sua opinião. “Vivemos aqui há muito tempo. Já vi crescer algumas pessoas, e outras viram-me crescer”. O bairro é maioritariamente habitado por pessoas mais velhas. No caso do seu pai há cerca de oito anos que pede por estas obras anunciadas no dia 29 com pompa e circunstância.
Em 2005 chegou a ser lançado um outro projeto que previa a construção de três blocos habitacionais para habitação social mas noutra zona da vila.Chegou a ser publicado em Diário da República mas não apareceram concorrentes para a execução do projeto. Esta solução previa fazer desaparecer o atual bairro. Para Ana Crisóstomo essa ideia também “era boa”, talvez porque “a nossa família nem sempre morou aqui e como tal temos uma diferente visão das coisas, possivelmente para outras pessoas mais idosas que vivem aqui no bairro seria mais complicado”. Por exemplo “temos o caso de uma senhora que prefere estar sozinha em casa do que estar num centro de dia. São casas onde as pessoas viram crescer os filhos, e depois saírem. Ou onde o marido acabou por ter os seus últimos minutos de vida. Foi dentro destas casas”, refere para explicar o apego dos moradores mais idosos ao bairro.
Alice Rodrigues, de 90 anos, mora noutra das extremidades do bairro. Confessa que também está à esperada das anunciadas obras. Antes morava nos Casais da Granja e veio para o bairro há seis anos. Gosta do bairro, e dos vizinhos, “embora uns sejam melhores e outros piores”, ri-se. Vive sozinha, é viúva, mas é acompanhada todos os dias pela filha. Chegou a chover dentro de casa, “mas falei com um pedreiro que arranjou”, mesmo assim a habitação necessitava de uma grande remodelação. Os dias vão passando. Conta que ainda vai conseguindo fazer algumas tarefas domésticas. Consegue prearar algumas refeições mas outras são feitas pela filha. Não vê muita televisão, confessa. A sua casa é de tipologia 1. O chão “está muito carunchoso”, e as “paredes têm humidade”. “Precisavam pois de uma pinturazinha”. Gosta de viver no bairro, onde à frente da sua casa tem uns canteirinhos de flores – “Precisavam de ser mais regadas”, constata enquanto as ai mostrando para a nossa reportagem. Alice Rodrigues conta que não quer ir para um lar, e por isso o bairro vai continuar a ser a sua casa até poder.