Depois do Prémio Alves Redol, Carlos Alves estreia-se no livro juvenil
Apresentação de “A menina com nuvens no cabelo”
15-08-2018 às 13:01
“A menina com nuvens no cabelo” marca a estreia do escritor Carlos Alves, albicastrense mas que vive em Arruda praticamente desde sempre, na literatura juvenil. A apresentação da obra deu-se no Centro Cultural do Morgado, no dia 23 de novembro. O vencedor do Prémio Literário Alves Redol 2017 com “Vozes de Burro”, conta ao Chafariz de Arruda que teve a ideia para este livro quando um dia ao deixar as filhas na escola, uma lhe disse que gostava de pintar o cabelo de azul. Confessa que ficou “atordoado” com o inusitado da proposta, mas ao mesmo tempo fez-se luz. “Adverti-a que devia pensar melhor no assunto pois arriscava-se, caso prosseguisse com os seus intentos, a ficar com o cabelo carregadinho de nuvens. A verdade é que fui eu que acabei a pensar no que lhe tinha dito! Achei que podia estar ali algo que poderia desenvolver literariamente”, confessa.
Joana é a personagem, a menina com nuvens no cabelo, que é vivaça, e que, apesar da pouca idade, apresenta uma curiosidade sem filtro, “às vezes inconveniente”. Trata-se daquele tipo de criança que nos desarma com a sua frontalidade, intuição e perspicácia. A personagem do livro acaba por convencer a família a pintar o seu cabelo de azul. No dia seguinte quando acorda e vê o seu reflexo no espelho fica maravilhada pois existem umas manchas que ela identifica, entusiasmada, como nuvens. A tónica do texto assenta no eixo copo meio cheio/copo meio vazio. Onde o adulto vê desilusão, a criança vê possibilidades extraordinárias. Por um lado (o do adulto), temos a permissividade exagerada que alguns encontrarão na cedência da família ao desejo da menina, a constatação que a tinta era de péssima qualidade e que o cabelo acabou completamente manchado, o que exigiria no mínimo uma reclamação pronta. Por outro (o da menina), temos a possibilidade de com os olhos da imaginação interpretar a situação como tendo, inexplicavelmente, durante a noite aparecido no cabelo recém pintado de azul- nuvens. “A opção da personagem é essa mesma, convencendo (ou tentando) toda a gente da sua sorte”, evoca o escritor.
Em Cabo Verde “fala-se na morabeza, definida como amabilidade, afabilidade e uma certa maneira de estar na vida sem stress, mas eu acho também que é um contínuo e eterno sorriso. O mesmo que sempre imaginei para a Joana”, descreve o autor.
Escrever para este público mais jovem foi um desafio pois tratou-se de dar a conhecer “uma história consistente e estimulante com personagens aliciantes, que sirva para desenvolver determinada ideia e se adeque a um certo público”, tendo em conta ainda a seleção e o uso criterioso da língua portuguesa.
As diferenças entre escrever para este público e o mais adulto assentam sobretudo “no vocabulário e na complexidade da história, sem baixar o grau de exigência na redação do texto”. O autor recusa facilitismos neste tipo de escrita como a tentação de menorização das capacidades do público (mesmo que mais juvenil) a que o livro se destina. A leitura não é exclusivamente entretenimento, também deve “acrescentar alguma coisa” e isso exige que o livro tenha “a profundidade necessária para isso”. “É tão importante o que está visível como o que fica nas entrelinhas. Uns acharão por vezes difícil, outros desafiante, e uma oportunidade para ir mais longe. Num tempo privilegiando o Light e em ritmo fast, isso pode por vezes ser um risco, mas ainda há por aí redutos gauleses que não esperam condescendência”, conclui.
A verdade é que a escrita deste “A menina com nuvens no cabelo” já começou a deixar saudades no escritor: “Fiquei com vontade de ter a Joana e a sua família presentes, novamente, na minha vida”, assume.
A obra conta com as ilustrações de Cristina Arvana, “que interpretou muito bem o texto e as sugestões”. “Gosto muito da paleta e do seu traço e durante o desenvolvimento da ideia fui deixando alguns indícios e marcas para as ilustrações que acabaram por ficar plasmados no resultado final”.
“A menina com nuvens no cabelo” é definido como um livro para “toda a família” e encontra-se disponível nas redes de livrarias Bullhosa, FNAC e Bertrand, em Lisboa na livraria Barata, na papelaria Relíquia (Arruda dos Vinhos), na livraria Hemus (Setúbal), na livraria A das artes (Sines), em Leiria na livraria Boa Leitura e na livraria Americana.
Quanto a novidades no que respeita a projetos futuros, Carlos Alves conta que por enquanto vai continuar a dividir-se pelas diferentes áreas da literatura: conto, universo juvenil, e romance, para além da sua atividade docente e do blogue “vezes100conto.blogs.sapo.pt”. “Costumo dizer que quando tenho alguma coisa a dizer escrevo. Sou muito observador e, aparentemente, isso implica uma tomada de posição, nomeadamente via escrita (ficção ou artigos). Embora possa parecer pretensioso, estou sempre a escrever. Não sofro do problema da folha em branco, antes da falta de tempo de quem se divide por várias atividades”.
Joana é a personagem, a menina com nuvens no cabelo, que é vivaça, e que, apesar da pouca idade, apresenta uma curiosidade sem filtro, “às vezes inconveniente”. Trata-se daquele tipo de criança que nos desarma com a sua frontalidade, intuição e perspicácia. A personagem do livro acaba por convencer a família a pintar o seu cabelo de azul. No dia seguinte quando acorda e vê o seu reflexo no espelho fica maravilhada pois existem umas manchas que ela identifica, entusiasmada, como nuvens. A tónica do texto assenta no eixo copo meio cheio/copo meio vazio. Onde o adulto vê desilusão, a criança vê possibilidades extraordinárias. Por um lado (o do adulto), temos a permissividade exagerada que alguns encontrarão na cedência da família ao desejo da menina, a constatação que a tinta era de péssima qualidade e que o cabelo acabou completamente manchado, o que exigiria no mínimo uma reclamação pronta. Por outro (o da menina), temos a possibilidade de com os olhos da imaginação interpretar a situação como tendo, inexplicavelmente, durante a noite aparecido no cabelo recém pintado de azul- nuvens. “A opção da personagem é essa mesma, convencendo (ou tentando) toda a gente da sua sorte”, evoca o escritor.
Em Cabo Verde “fala-se na morabeza, definida como amabilidade, afabilidade e uma certa maneira de estar na vida sem stress, mas eu acho também que é um contínuo e eterno sorriso. O mesmo que sempre imaginei para a Joana”, descreve o autor.
Escrever para este público mais jovem foi um desafio pois tratou-se de dar a conhecer “uma história consistente e estimulante com personagens aliciantes, que sirva para desenvolver determinada ideia e se adeque a um certo público”, tendo em conta ainda a seleção e o uso criterioso da língua portuguesa.
As diferenças entre escrever para este público e o mais adulto assentam sobretudo “no vocabulário e na complexidade da história, sem baixar o grau de exigência na redação do texto”. O autor recusa facilitismos neste tipo de escrita como a tentação de menorização das capacidades do público (mesmo que mais juvenil) a que o livro se destina. A leitura não é exclusivamente entretenimento, também deve “acrescentar alguma coisa” e isso exige que o livro tenha “a profundidade necessária para isso”. “É tão importante o que está visível como o que fica nas entrelinhas. Uns acharão por vezes difícil, outros desafiante, e uma oportunidade para ir mais longe. Num tempo privilegiando o Light e em ritmo fast, isso pode por vezes ser um risco, mas ainda há por aí redutos gauleses que não esperam condescendência”, conclui.
A verdade é que a escrita deste “A menina com nuvens no cabelo” já começou a deixar saudades no escritor: “Fiquei com vontade de ter a Joana e a sua família presentes, novamente, na minha vida”, assume.
A obra conta com as ilustrações de Cristina Arvana, “que interpretou muito bem o texto e as sugestões”. “Gosto muito da paleta e do seu traço e durante o desenvolvimento da ideia fui deixando alguns indícios e marcas para as ilustrações que acabaram por ficar plasmados no resultado final”.
“A menina com nuvens no cabelo” é definido como um livro para “toda a família” e encontra-se disponível nas redes de livrarias Bullhosa, FNAC e Bertrand, em Lisboa na livraria Barata, na papelaria Relíquia (Arruda dos Vinhos), na livraria Hemus (Setúbal), na livraria A das artes (Sines), em Leiria na livraria Boa Leitura e na livraria Americana.
Quanto a novidades no que respeita a projetos futuros, Carlos Alves conta que por enquanto vai continuar a dividir-se pelas diferentes áreas da literatura: conto, universo juvenil, e romance, para além da sua atividade docente e do blogue “vezes100conto.blogs.sapo.pt”. “Costumo dizer que quando tenho alguma coisa a dizer escrevo. Sou muito observador e, aparentemente, isso implica uma tomada de posição, nomeadamente via escrita (ficção ou artigos). Embora possa parecer pretensioso, estou sempre a escrever. Não sofro do problema da folha em branco, antes da falta de tempo de quem se divide por várias atividades”.