Movimento em prol do ambiente dá que falar em Arruda
SA 20-10-2019 às 10:10
Um grupo de cidadãos tornou-se conhecido, nos últimos meses, depois de ter protagonizado uma ida a reunião de Câmara, em que as aplicações de glifosato no concelho estiveram em cima da mesa. O movimento tem preocupações ecológicas, e para além da aplicação de herbicidas, tem-se debatido por questões como a limpeza do rio, a agricultura biológica, entre outras. Apesar de não residirem todos na mesma localidade, foram-se conhecendo e descobrindo que possuem causas semelhantes. Alguns destes elementos do movimento vieram viver para o concelho nos últimos anos, e têm feito diversas sugestões junto do município. Umas aceites e outras nem tanto, como referem à nossa reportagem. Paulo Sirgado, Elisabete Mália, Alexandra Contreiras e Diogo Campos são apenas alguns dos elementos do movimento com quem nos encontrámos.
O glifosato e a sua erradicação foi uma das questões mais badaladas no concelho. O movimento considera que a sua ação foi fundamental para a mudança operada pelo menos a nível da Câmara, que recentemente abandonou o uso daquele herbicida, quando uma aplicação levada a cabo nos primeiros meses do ano causou celeuma, tendo em conta que terá sido feita de forma indiscriminada por uma empresa contratada pelo município. “Aconteceu porque o nosso movimento ganhou força e causámos impacto na reunião de Câmara, porque até essa altura já tínhamos entrado em contato por cartas e algumas deslocações mas sem efeito”, recorda Diogo Campos que considera que a partir dessa altura a autarquia passou a olhar para o movimento de outra forma. Pese embora “depois disso pouco ou nada tenha mudado”. “Fizeram algumas reuniões connosco, aceitaram as nossas sugestões mas pouco mais”.
Uma das críticas que este movimento faz prende-se com a recente limpeza do rio efetuada pelo município. “Ecologicamente não tem valor, porque não vemos aqui pássaros, devastaram tudo, sem qualquer tipo de critério, sem olhar à biodiversidade”, refere Diogo Campos. “Fizeram uma limpeza extremamente agressiva”; junta Elisabete Mália. “Até porque o principal problema são os esgotos a correr a céu aberto”, diz Alexandra Contreiras. É conhecida a ineficácia da atual ETAR com empresas da zona industrial das Corredouras que ainda poluem o rio. “Há alturas em que parece que há cimento a correr no rio.”, demonstra Diogo Campos para exemplificar a força da poluição. Tendo em conta a atividade de uma das empresas à partida visadas, demonstra- “Se colocar um copo à saída da ETAR quase que bebe vinho”. O elemento do movimento lamenta que passado mais de um ano de esta realidade se ter tornado conhecida que os avanços são poucos, no seu ponto de vista. “Dá-me ideia de que pouco ou nada se fez!, mas percebo que são postos de trabalho e mexer com isso tira votos aos políticos”, desabafa. “Revolta-me o que fizeram no rio, foi uma devastação, embora tenham alegado que queriam ver de onde vinham os esgotos”, diz Elisabete Mália. Neste campo, Diogo Campos acrescenta que não faz sentido, na sua opinião, que a Câmara recorra a militares “para limparem o rio”. “Não se justifica”. Nos últimos meses, este o movimento também empreendeu uma limpeza no rio e outra em Cardosas. “A Câmara agradeceu-nos. São muito cordiais mas sem consequências”; diz Diogo Campos. “Exemplar foi a recuperação que houve num rio em Paredes de Coura, não o que a Câmara fez aqui”, diz Sirgado, exemplificando- “E com recurso a voluntários, com contenção de margens, usando troncos e pedras”. De acordo com a legislação “os rios devem ter árvores e aqui não há hipótese”. A limpeza deve ser controlada, saber o que se retira e o que se deixa, “para não destruir os habitats”. “Mas nada se fará enquanto estiver poluído, porque aqui o que temos é um esgoto”.
O glifosato e a sua erradicação foi uma das questões mais badaladas no concelho. O movimento considera que a sua ação foi fundamental para a mudança operada pelo menos a nível da Câmara, que recentemente abandonou o uso daquele herbicida, quando uma aplicação levada a cabo nos primeiros meses do ano causou celeuma, tendo em conta que terá sido feita de forma indiscriminada por uma empresa contratada pelo município. “Aconteceu porque o nosso movimento ganhou força e causámos impacto na reunião de Câmara, porque até essa altura já tínhamos entrado em contato por cartas e algumas deslocações mas sem efeito”, recorda Diogo Campos que considera que a partir dessa altura a autarquia passou a olhar para o movimento de outra forma. Pese embora “depois disso pouco ou nada tenha mudado”. “Fizeram algumas reuniões connosco, aceitaram as nossas sugestões mas pouco mais”.
Uma das críticas que este movimento faz prende-se com a recente limpeza do rio efetuada pelo município. “Ecologicamente não tem valor, porque não vemos aqui pássaros, devastaram tudo, sem qualquer tipo de critério, sem olhar à biodiversidade”, refere Diogo Campos. “Fizeram uma limpeza extremamente agressiva”; junta Elisabete Mália. “Até porque o principal problema são os esgotos a correr a céu aberto”, diz Alexandra Contreiras. É conhecida a ineficácia da atual ETAR com empresas da zona industrial das Corredouras que ainda poluem o rio. “Há alturas em que parece que há cimento a correr no rio.”, demonstra Diogo Campos para exemplificar a força da poluição. Tendo em conta a atividade de uma das empresas à partida visadas, demonstra- “Se colocar um copo à saída da ETAR quase que bebe vinho”. O elemento do movimento lamenta que passado mais de um ano de esta realidade se ter tornado conhecida que os avanços são poucos, no seu ponto de vista. “Dá-me ideia de que pouco ou nada se fez!, mas percebo que são postos de trabalho e mexer com isso tira votos aos políticos”, desabafa. “Revolta-me o que fizeram no rio, foi uma devastação, embora tenham alegado que queriam ver de onde vinham os esgotos”, diz Elisabete Mália. Neste campo, Diogo Campos acrescenta que não faz sentido, na sua opinião, que a Câmara recorra a militares “para limparem o rio”. “Não se justifica”. Nos últimos meses, este o movimento também empreendeu uma limpeza no rio e outra em Cardosas. “A Câmara agradeceu-nos. São muito cordiais mas sem consequências”; diz Diogo Campos. “Exemplar foi a recuperação que houve num rio em Paredes de Coura, não o que a Câmara fez aqui”, diz Sirgado, exemplificando- “E com recurso a voluntários, com contenção de margens, usando troncos e pedras”. De acordo com a legislação “os rios devem ter árvores e aqui não há hipótese”. A limpeza deve ser controlada, saber o que se retira e o que se deixa, “para não destruir os habitats”. “Mas nada se fará enquanto estiver poluído, porque aqui o que temos é um esgoto”.
O município fez um caminho que consideram positivo quanto ao glifosato, mas ainda falta muito, e Diogo Campos recorda o dia em que fizeram a aplicação daquele produto "a um metro do sítio, onde estavam pessoas, quando a lei fala em 50 metros”. “E mesmo em frente à Câmara. É inadmissível e não tem desculpa. Quando contratamos uma empregada de limpeza para nossas casas supervisionamos o trabalho dela, neste caso a Câmara não o fez e quando estamos a falar de um produto como o glifosato”, diz Elisabete Mália. “Sobretudo porque há provas pois foi tudo filmado”, acrescenta Diogo Campos. “As pessoas deveriam olhar para as plantas espontâneas, as chamadas ervas daninhas, com outro olhar porque todas elas têm uma função, nomeadamente, melhorar a própria qualidade do solo”, diz Alexandra Contreiras que adianta que foi dada à Câmara a ideia de se fazer um circuito com placas no Parque das Rotas onde se pudesse dar a conhecer melhor algumas das ervas e fazer-se um espaço etnobotânico. Quando se fala em ervas daninhas em caminhos e estradas, a opção no ponto de vista destes cidadãos deve recair na utilização de máquinas roçadouras e não os herbicidas. “Ou até fazer experiências em taludes como já faz a junta de freguesia que, neste assunto, está a ir mais além do que a Câmara”, diz Diogo Campos. “Só o facto de estar a fixar azoto é importante”, diz Paulo Sirgado. Quanto ao facto de interferirem com as culturas consideram que “isso pode ser resolvido misturando calêndula, manjericão, tomilho, e também cenouras junto com cebolas, porque ajuda a evitar as pragas”, refere Diogo Campos. “Os malmequeres no meio das vinhas também fazem o seu trabalho porque ajudam a reduzir a quantidade de agrotóxicos para tratar o míldio, é uma pena que passe o trator e limpe aquilo tudo”, refere Alexandra Contreiras.
O movimento refere que a Câmara vai-se desculpando com a burocracia e que a “máquina é pesada”. “Sabemos que sim mas o ambiente já não pode esperar. Pode ser um pouco radical o que dizemos, mas a ação tem de ser imediata, pode não ser em tudo, mas em pequenas coisas”. Sensibilização é palavra de ordem no entender destes munícipes. E consideram que em Arruda está a crescer uma cultura em prol do biológico e do sustentável que tem de ser acompanhada. “No meu caso produzo biológico, consigo fazer várias culturas no mesmo terreno. Vendo, mas acabo por não conseguir satisfazer tanta procura”, diz Diogo Campos. Alexandra Contreiras diz mesmo que “há plantas que atraem as abelhas”; que estão em vias de extinção como é o caso da hera, e só por si deve ser “acarinhada”.
Paulo Sirgado refere que o movimento está em interação com a Quercus, pois a troca de “conhecimento” é imprescindível. “Sensibilizar as crianças é o mais importante, pois elas é que vão influenciar os pais”, conclui Diogo Campos. “Seria fácil terem um compostor na escola, ou canteiros”. “A Câmara tem de ser mais flexível, porque estamos disponíveis para discutirmos todos os assuntos”, concluem.
Câmara diz que está disponível para todas as sugestões
Mário Carvalho, vereador com o pelouro do ambiente no município, afirma que tem estado recetivo às ideias do movimento, mas os prazos da administração pública têm de ser compreendidos. O autarca diz que já deu a conhecer junto das escolas as propostas de sensibilização ambiental que o movimento sugeriu mas “tem de existir uma aceitação por parte dos responsáveis desses estabelecimentos de ensino para posterior incorporação nas atividades das escolas”. Garante também que o glifosato foi erradicado por completo dos usos da Câmara. Quanto à limpeza do rio “seria incomportável recorrer a roçadouras, e por isso foi usado um braço mecânico. Este curso de água é muito suscetível de inundações e como tal é ainda mais importante termos uma boa limpeza. O que o movimento refere aplica-se em rios mais constantes o que não é o nosso caso, infelizmente, porque caso contrário nem era preciso andar a limpar tanto como o fizemos”. Mário Carvalho diz ainda que a Câmara está a estudar a sugestão para ripícolas nas margens que o movimento sugeriu. “Pode ser mais uma medida, que os serviços estão a estudar. Não colocamos de parte nada do que sugerem, mas dentro daquilo que está ao alcance da Câmara. Já marcámos reuniões, mas é preciso que apareçam, o que não aconteceu da última vez”.
O movimento refere que a Câmara vai-se desculpando com a burocracia e que a “máquina é pesada”. “Sabemos que sim mas o ambiente já não pode esperar. Pode ser um pouco radical o que dizemos, mas a ação tem de ser imediata, pode não ser em tudo, mas em pequenas coisas”. Sensibilização é palavra de ordem no entender destes munícipes. E consideram que em Arruda está a crescer uma cultura em prol do biológico e do sustentável que tem de ser acompanhada. “No meu caso produzo biológico, consigo fazer várias culturas no mesmo terreno. Vendo, mas acabo por não conseguir satisfazer tanta procura”, diz Diogo Campos. Alexandra Contreiras diz mesmo que “há plantas que atraem as abelhas”; que estão em vias de extinção como é o caso da hera, e só por si deve ser “acarinhada”.
Paulo Sirgado refere que o movimento está em interação com a Quercus, pois a troca de “conhecimento” é imprescindível. “Sensibilizar as crianças é o mais importante, pois elas é que vão influenciar os pais”, conclui Diogo Campos. “Seria fácil terem um compostor na escola, ou canteiros”. “A Câmara tem de ser mais flexível, porque estamos disponíveis para discutirmos todos os assuntos”, concluem.
Câmara diz que está disponível para todas as sugestões
Mário Carvalho, vereador com o pelouro do ambiente no município, afirma que tem estado recetivo às ideias do movimento, mas os prazos da administração pública têm de ser compreendidos. O autarca diz que já deu a conhecer junto das escolas as propostas de sensibilização ambiental que o movimento sugeriu mas “tem de existir uma aceitação por parte dos responsáveis desses estabelecimentos de ensino para posterior incorporação nas atividades das escolas”. Garante também que o glifosato foi erradicado por completo dos usos da Câmara. Quanto à limpeza do rio “seria incomportável recorrer a roçadouras, e por isso foi usado um braço mecânico. Este curso de água é muito suscetível de inundações e como tal é ainda mais importante termos uma boa limpeza. O que o movimento refere aplica-se em rios mais constantes o que não é o nosso caso, infelizmente, porque caso contrário nem era preciso andar a limpar tanto como o fizemos”. Mário Carvalho diz ainda que a Câmara está a estudar a sugestão para ripícolas nas margens que o movimento sugeriu. “Pode ser mais uma medida, que os serviços estão a estudar. Não colocamos de parte nada do que sugerem, mas dentro daquilo que está ao alcance da Câmara. Já marcámos reuniões, mas é preciso que apareçam, o que não aconteceu da última vez”.