Opinião Casimiro Ramos: "Ka tar ou Ka não tar"
09-03-2020 às 10:40
Ao contrário do que seria o habitual, após as últimas eleições legislativas, em vez de serem os partidos maioritários a assumirem protagonismo, acabam por ser os dois partidos nos extremos que têm maior visibilidade.
Justiça seja feita que esse protagonismo resulta, fundamentalmente, das duas figuras eleitas pelos partidos que representam ou representavam, como o caso da deputada eleita pelo Livre.
Muito se tem falado e escrito sobre a referida deputada e muito se vai continuar a falar. Eu não vou escrever para ela, porque ela não vai ler esta reflexão, mas sim sobre o que ela transmite e representa.
E faço-o porque estamos a viver um momento em que a maioria dos portugueses, apesar de se sentirem ultrajados e até ofendidos com a postura e conduta da deputada, não falam abertamente o que pensam com receio de lhes chamarem racistas ou preconceituosos.
Eu não tenho receio disso, porque ainda a senhora deputada não era nascida e já eu e milhões de Portugueses vivíamos num País democrático, de liberdade de expressão e pensamento e que permite, por isso mesmo, que ela hoje seja deputada num País onde não nasceu.
Não significa isso, de facto, que seja menos portuguesa que eu ou qualquer outra pessoa, independentemente da sua origem, uma vez que tem os mesmos direitos que todos os que têm nacionalidade portuguesa.
Mas uma coisa eu afirmo, não é tão portuguesa quanto eu ou qualquer outro cidadão que assuma os deveres de ser português, nomeadamente os de defender os interesses do País onde nasceu, ou onde foi acolhido e, acima de tudo, sentir que esta é a sua pátria.
O País que acolheu a senhora deputada é de um povo tolerante, aberto e amigo. Mas não podemos deixar que ela pense que por isso somos tolos ou que não percebemos quando nos querem enganar e que não aceitamos posturas de quem assume que quem não é por mim é contra mim, semeando o ódio entre povos e culturas. Essa é uma mensagem azeda e ingrata para um país que a acolheu e não é mais do que cuspir no prato da sopa.
Também lhe devemos deixar claro que não recebemos lições de racismo de ninguém. Sempre fomos um povo multicultural que acolhe imigrantes de todas as partes do mundo. E no que respeita às ex-colónias, acolhemos nos últimos 20 anos, milhares de alunos que são testemunhas da ajuda suplementar que centenas de professores fazem para que consigam acompanhar os restantes, apesar das dificuldades que a maioria tem em escrever português e na generalidade, com poucas bases para as exigências do ensino superior.
Por essas e outras razões não podemos permitir que a conduta da deputada eleita pelo Livre seja a negação a tudo isto, porque envergonha todos aqueles que como ela vieram a Portugal para serem ajudados a melhorar a sua condição de vida. Ao longo da nossa história poderemos ter feito muitas coisas mal. Mas quem somos nós para julgar quem antes de nós correu suor, lágrimas e sangue para defender os seus familiares e para unir povos. Essa sempre foi a diáspora Portuguesa. Unir os povos.
Ao contrário disso, o comportamento da deputada eleita pelo Livre semeia o ódio entre povos que têm 500 anos de história e faz nascer uma onda de raiva e de intolerância. Como se não bastasse ainda se resguarda no papel de vítima de ser mulher. Uma atitude cobarde de quem somente parece ser uma pessoa mal amada. Mas esse é um problema seu e não do País.
Por tudo isso devemos manter o orgulho na nossa história e não esquecer que quando os portugueses chegaram a Africa não encontraram uma civilização como a grega, ou a egípcia, ou a Maias, Inca ou Azteca cujo património, esse sim, foi espoliado e os seus povos dizimados. Nunca fomos tiranos comos os romanos, nem colonizadores como os espanhóis, franceses, ingleses ou holandeses. O que os portugueses encontraram em Africa foi um povo ao qual ajudaram a criar um património cultural, ensinaram a ler e a escrever, curaram doentes e ainda hoje ajudamos a alimentar.
Propõe agora a senhora deputada, ao que chama: a descolonização da cultura portuguesa, levar dos museus portugueses as peças de “arte” das ex-cólonias. Por mim pode levá-las todas. Mas já agora temos o direito de perguntar: quais peças de arte e feitas por que grandes artistas ? E vão para onde? Onde estão os museus nas ex-colónias? Os poucos palacetes que possam existir não estarão ocupados por um déspota ou politico qualquer? Ou é simplesmente para deitarem fora ou destruírem como fizeram a tantas coisas que os portugueses lá deixaram?
Devemos fazer perceber à senhora deputada que a ser levado na plenitude o conceito de: Descolonizar a cultura portuguesa, isso significaria que tudo o que ela aprendeu na vida inclusivamente a nossa língua e os títulos académicos, deveria então ela própria renunciar a eles. Mas isso é algo que não entende porque se coloca somente do lado dos direitos e não dos deveres.
Eu também gostava que a famosa cadeira da Santa que, segundo a lenda, os Franceses levaram da igreja de Arruda voltasse ao seu lugar (se acaso a mesma existe). Mas, terei o direito de defender isso enquanto português, não como francês se por acaso tivesse a dupla nacionalidade.
A toda esta insensatez, não temos ouvido os partidos mais representativos pronunciarem-se e isso vai transformar-se numa fatura muito cara. Porque, a conduta ofensiva da senhora deputada faz despoletar do lado oposto, o protagonismo populista da extrema direita, cujos princípios são igualmente reprováveis, mas que se apresentam a defender causas, nas quais muitos dos portugueses se revêm.
Se era para isto que a senhora deputada tanto queria Ka tar na Assembleia da República, mais valia não ter sido candidata.
Justiça seja feita que esse protagonismo resulta, fundamentalmente, das duas figuras eleitas pelos partidos que representam ou representavam, como o caso da deputada eleita pelo Livre.
Muito se tem falado e escrito sobre a referida deputada e muito se vai continuar a falar. Eu não vou escrever para ela, porque ela não vai ler esta reflexão, mas sim sobre o que ela transmite e representa.
E faço-o porque estamos a viver um momento em que a maioria dos portugueses, apesar de se sentirem ultrajados e até ofendidos com a postura e conduta da deputada, não falam abertamente o que pensam com receio de lhes chamarem racistas ou preconceituosos.
Eu não tenho receio disso, porque ainda a senhora deputada não era nascida e já eu e milhões de Portugueses vivíamos num País democrático, de liberdade de expressão e pensamento e que permite, por isso mesmo, que ela hoje seja deputada num País onde não nasceu.
Não significa isso, de facto, que seja menos portuguesa que eu ou qualquer outra pessoa, independentemente da sua origem, uma vez que tem os mesmos direitos que todos os que têm nacionalidade portuguesa.
Mas uma coisa eu afirmo, não é tão portuguesa quanto eu ou qualquer outro cidadão que assuma os deveres de ser português, nomeadamente os de defender os interesses do País onde nasceu, ou onde foi acolhido e, acima de tudo, sentir que esta é a sua pátria.
O País que acolheu a senhora deputada é de um povo tolerante, aberto e amigo. Mas não podemos deixar que ela pense que por isso somos tolos ou que não percebemos quando nos querem enganar e que não aceitamos posturas de quem assume que quem não é por mim é contra mim, semeando o ódio entre povos e culturas. Essa é uma mensagem azeda e ingrata para um país que a acolheu e não é mais do que cuspir no prato da sopa.
Também lhe devemos deixar claro que não recebemos lições de racismo de ninguém. Sempre fomos um povo multicultural que acolhe imigrantes de todas as partes do mundo. E no que respeita às ex-colónias, acolhemos nos últimos 20 anos, milhares de alunos que são testemunhas da ajuda suplementar que centenas de professores fazem para que consigam acompanhar os restantes, apesar das dificuldades que a maioria tem em escrever português e na generalidade, com poucas bases para as exigências do ensino superior.
Por essas e outras razões não podemos permitir que a conduta da deputada eleita pelo Livre seja a negação a tudo isto, porque envergonha todos aqueles que como ela vieram a Portugal para serem ajudados a melhorar a sua condição de vida. Ao longo da nossa história poderemos ter feito muitas coisas mal. Mas quem somos nós para julgar quem antes de nós correu suor, lágrimas e sangue para defender os seus familiares e para unir povos. Essa sempre foi a diáspora Portuguesa. Unir os povos.
Ao contrário disso, o comportamento da deputada eleita pelo Livre semeia o ódio entre povos que têm 500 anos de história e faz nascer uma onda de raiva e de intolerância. Como se não bastasse ainda se resguarda no papel de vítima de ser mulher. Uma atitude cobarde de quem somente parece ser uma pessoa mal amada. Mas esse é um problema seu e não do País.
Por tudo isso devemos manter o orgulho na nossa história e não esquecer que quando os portugueses chegaram a Africa não encontraram uma civilização como a grega, ou a egípcia, ou a Maias, Inca ou Azteca cujo património, esse sim, foi espoliado e os seus povos dizimados. Nunca fomos tiranos comos os romanos, nem colonizadores como os espanhóis, franceses, ingleses ou holandeses. O que os portugueses encontraram em Africa foi um povo ao qual ajudaram a criar um património cultural, ensinaram a ler e a escrever, curaram doentes e ainda hoje ajudamos a alimentar.
Propõe agora a senhora deputada, ao que chama: a descolonização da cultura portuguesa, levar dos museus portugueses as peças de “arte” das ex-cólonias. Por mim pode levá-las todas. Mas já agora temos o direito de perguntar: quais peças de arte e feitas por que grandes artistas ? E vão para onde? Onde estão os museus nas ex-colónias? Os poucos palacetes que possam existir não estarão ocupados por um déspota ou politico qualquer? Ou é simplesmente para deitarem fora ou destruírem como fizeram a tantas coisas que os portugueses lá deixaram?
Devemos fazer perceber à senhora deputada que a ser levado na plenitude o conceito de: Descolonizar a cultura portuguesa, isso significaria que tudo o que ela aprendeu na vida inclusivamente a nossa língua e os títulos académicos, deveria então ela própria renunciar a eles. Mas isso é algo que não entende porque se coloca somente do lado dos direitos e não dos deveres.
Eu também gostava que a famosa cadeira da Santa que, segundo a lenda, os Franceses levaram da igreja de Arruda voltasse ao seu lugar (se acaso a mesma existe). Mas, terei o direito de defender isso enquanto português, não como francês se por acaso tivesse a dupla nacionalidade.
A toda esta insensatez, não temos ouvido os partidos mais representativos pronunciarem-se e isso vai transformar-se numa fatura muito cara. Porque, a conduta ofensiva da senhora deputada faz despoletar do lado oposto, o protagonismo populista da extrema direita, cujos princípios são igualmente reprováveis, mas que se apresentam a defender causas, nas quais muitos dos portugueses se revêm.
Se era para isto que a senhora deputada tanto queria Ka tar na Assembleia da República, mais valia não ter sido candidata.