Pesquisa:
Capela do Palácio do Morgado
Ana Raquel Machado*
26-04-2018 às 11:34
No final do século XVIII, o palacete foi edificado por ordem de António Teodoro de Gambôa e Liz, cavaleiro da Casa Real e Capitão-mor de Arruda dos Vinhos, cuja traça terá ficado a cargo do arquitecto Mateus Vicente de Oliveira.
Mateus Vicente de Oliveira nasceu em Barcarena em 1706 e faleceu em Lisboa em 1785. O arquitecto, discípulo de Ludovice, terá vivido em Arruda dos Vinhos, na casa do seu genro, o Doutor José Falcão Encerrabodes. São-lhe atribuídas a construção do antigo Aqueduto, da Quinta da Ponte (Quinta dos Corações), da Capela do Santíssimo Sacramento da Igreja Matriz de Arruda dos Vinhos e do Chafariz pombalino cuja data, 1789, se encontra esculpida no próprio monumento.
Conhecido como “Palácio do Morgado”, este monumento integrou o património municipal em meados dos anos oitenta, sendo actualmente designado Centro Cultural do Morgado, um pólo onde se concentram várias actividades culturais.
O Palacete apresenta um estilo “rocaille” e neoclássico. A frontaria aristocrática com sete janelas de varanda exibe, ao centro, um Brasão de Armas. Trata-se de um escudo partido em pala: de um lado as armas da família Gambôa; do outro, as armas os Lizes.
O Solar, dividido em dois andares, andar nobre, residência do proprietário e família, e o rés-do-chão para apoio à casa e à propriedade agrícola, cujos vestígios são ainda visíveis, observando-se a existência de um antigo pombal nas imediações da antiga Quinta.
O último herdeiro não deixou descendentes directos pelo que, Francisco de Gambôa e Liz legou os seus bens ao Doutor José Vaz Monteiro, feitor e médico da sua família, residente em Lisboa.
No cemitério de Arruda dos Vinhos existe um mausoléu dedicado à família Gambôa e Liz, onde: “repousam os restos mortais do Barão de Arruda Par e Grande Reino, Capitão-Mor da Vila de Arruda…”.
Ocupando um terço da fachada, a capela adjacente comunica com o interior e exterior do complexo arquitectónico. De uma só nave e altar, o acesso para a via pública ostenta a data de 1781 e teria por orago São Domingos.
Crê-se que em tempos existiria uma imagem desse Santo na Capela assim como uma tela relativa a esta iconografia hagiográfica.
A 25 de Março de 1955 foi levado a cabo um pedido de utilização para culto na capela do Morgado ao Patriarcado de Lisboa, com a indicação de oratório público sob a invocação de São Domingos de Gusmão, como se pode verificar no antigo documento, pela família Vaz Monteiro.
O altar de talha verde e dourada ostenta colunas rectangulares, cuja luz natural entra através de duas janelas em arco. O tecto, de abóbada de berço, apresenta uma interessante figuração de um cordeiro, e ao centro, uma representação mais contemporânea, com uma Cruz envolta por Anjos. As floretas, florões e as formas geométricas que decoram este tecto são em gesso pintado. Com acesso à sacristia, a Capela tem uma escadaria comunicante com o andar nobre. A Saleta da Tribuna, espaço de representação social, permite através da Tribuna Nobre, vislumbrar as paredes da nave forradas a azulejos azuis e brancos do século XVIII.
Mateus Vicente de Oliveira nasceu em Barcarena em 1706 e faleceu em Lisboa em 1785. O arquitecto, discípulo de Ludovice, terá vivido em Arruda dos Vinhos, na casa do seu genro, o Doutor José Falcão Encerrabodes. São-lhe atribuídas a construção do antigo Aqueduto, da Quinta da Ponte (Quinta dos Corações), da Capela do Santíssimo Sacramento da Igreja Matriz de Arruda dos Vinhos e do Chafariz pombalino cuja data, 1789, se encontra esculpida no próprio monumento.
Conhecido como “Palácio do Morgado”, este monumento integrou o património municipal em meados dos anos oitenta, sendo actualmente designado Centro Cultural do Morgado, um pólo onde se concentram várias actividades culturais.
O Palacete apresenta um estilo “rocaille” e neoclássico. A frontaria aristocrática com sete janelas de varanda exibe, ao centro, um Brasão de Armas. Trata-se de um escudo partido em pala: de um lado as armas da família Gambôa; do outro, as armas os Lizes.
O Solar, dividido em dois andares, andar nobre, residência do proprietário e família, e o rés-do-chão para apoio à casa e à propriedade agrícola, cujos vestígios são ainda visíveis, observando-se a existência de um antigo pombal nas imediações da antiga Quinta.
O último herdeiro não deixou descendentes directos pelo que, Francisco de Gambôa e Liz legou os seus bens ao Doutor José Vaz Monteiro, feitor e médico da sua família, residente em Lisboa.
No cemitério de Arruda dos Vinhos existe um mausoléu dedicado à família Gambôa e Liz, onde: “repousam os restos mortais do Barão de Arruda Par e Grande Reino, Capitão-Mor da Vila de Arruda…”.
Ocupando um terço da fachada, a capela adjacente comunica com o interior e exterior do complexo arquitectónico. De uma só nave e altar, o acesso para a via pública ostenta a data de 1781 e teria por orago São Domingos.
Crê-se que em tempos existiria uma imagem desse Santo na Capela assim como uma tela relativa a esta iconografia hagiográfica.
A 25 de Março de 1955 foi levado a cabo um pedido de utilização para culto na capela do Morgado ao Patriarcado de Lisboa, com a indicação de oratório público sob a invocação de São Domingos de Gusmão, como se pode verificar no antigo documento, pela família Vaz Monteiro.
O altar de talha verde e dourada ostenta colunas rectangulares, cuja luz natural entra através de duas janelas em arco. O tecto, de abóbada de berço, apresenta uma interessante figuração de um cordeiro, e ao centro, uma representação mais contemporânea, com uma Cruz envolta por Anjos. As floretas, florões e as formas geométricas que decoram este tecto são em gesso pintado. Com acesso à sacristia, a Capela tem uma escadaria comunicante com o andar nobre. A Saleta da Tribuna, espaço de representação social, permite através da Tribuna Nobre, vislumbrar as paredes da nave forradas a azulejos azuis e brancos do século XVIII.
Na ficha registada pelo Engenheiro João Miguel dos Santos Simões em 16 de Março de 1958 sobre a “Casa nobre dos Barões da Arruda do Exmo. Sr. João Vaz Monteiro de Carvalho”, presente na Colecção Santos Simões - Inventário e Estudos sobre Azulejaria (Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian) lê-se o seguinte: “No nobre solar do último quartel do séc. XVIII (na verga da porta da capela data 1781) foram instalados azulejos na escadaria e nas salas. São painéis de pintura policroma e marmoreada do tipo grinaldas D. Maria I. Na capela onde avulta uma magnífica tela com N.ª S.ª dando Rosário a S. Domingos, estão as paredes decoradas com um silhar de painéis recortados, pintura azul, emolduramentos concheados, tendo nos campos centrais emblemas marianos. Este silhar assenta sobre um rodapé marmoreado amarelo. Toda esta azulejaria deve ser coeva da construção assinalada com a data 1781”.
Sabe-se que aos emblemas marianos, oriundos das Litanias e em louvor à Virgem Maria estão associados os seguintes elementos: sol, estrela, lua, espelho, cipreste, lírio e rosa. Estão presentes na capela do Morgado sete emblemas, que passamos a enunciar: cão com vela sobre o globo; cruz dupla; lírios; poço; estrela; sol e lua. Aos dois primeiros associamos a iconografia de São Domingos e da Ordem Dominicana, o que de vem de acordo com a informação que temos vindo a recolher sobre esta capela; os últimos, emblemas marianos, relacionam-se também com as cartelas que encimam o altar e que invocam o culto a Nossa Senhora: “Avé Maria”.
*Licenciada em História da Arte e Mestre em Arte, Património e Teoria do Restauro pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Pós-graduada em Gestão Cultural pelo ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa.
Sabe-se que aos emblemas marianos, oriundos das Litanias e em louvor à Virgem Maria estão associados os seguintes elementos: sol, estrela, lua, espelho, cipreste, lírio e rosa. Estão presentes na capela do Morgado sete emblemas, que passamos a enunciar: cão com vela sobre o globo; cruz dupla; lírios; poço; estrela; sol e lua. Aos dois primeiros associamos a iconografia de São Domingos e da Ordem Dominicana, o que de vem de acordo com a informação que temos vindo a recolher sobre esta capela; os últimos, emblemas marianos, relacionam-se também com as cartelas que encimam o altar e que invocam o culto a Nossa Senhora: “Avé Maria”.
*Licenciada em História da Arte e Mestre em Arte, Património e Teoria do Restauro pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Pós-graduada em Gestão Cultural pelo ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa.