Pesquisa
Irene Lisboa Parte 2 Vida (continuação) e obra
Por Jorge da Cunha
21-08-2018 às 10:52
No anterior texto, tínhamos ficado no momento da vida de Irene Lisboa em que, passados muitos anos, regressou, de férias, a estas terras encantadas entre Arruda e Sobral.
Este início dos anos 40 do século XX, já reformada sem ainda ter 50 anos, foi de grande produção literária. Foi nestes anos 40 que visitou a Serra da Estrela pela primeira vez, local bastante frequentado pela autora a partir daí. Também os anos 50 foram bastante produtivos a nível literário e o prenúncio do fim desta escritora arrudense. No início desta década, Irene foi operada, pela segunda vez, a um cancro no duodeno no Hospital de São José em Lisboa, nunca deixando de escrever.
A serra, o campo, a cidade e tudo o que os envolve por dentro, tudo o que é quotidiano, insignificante, nada... foi motivo e reflexão e autorreflexão por parte da autora. Irene Lisboa morreu então numa quarta-feira, no dia 25 de novembro de 1958.
Nos fins dos anos 80 e inícios dos anos 90, do séc. XX, Paula Morão começou a estudar a obra de Irene. Iniciou-se então a reedição da sua obra pela Editorial Presença, com prefácios de Paula Morão.
No dia 13 de janeiro de 2013, os restos mortais de Irene Lisboa foram trasladados do Cemitério da Ajuda (Lisboa) para o Cemitério de Santo António (Arruda dos Vinhos).
Em 2014, a obra de Irene Lisboa passa a ser estudada por todos os alunos do Município de Arruda dos Vinhos, desde o pré-escolar ao ensino secundário (com protocolo assinado entre a Câmara Municipal, o Agrupamento de Escolas e Jardins de Infância de Arruda e o Externato João Alberto Faria).
Em 2018, 60 anos depois da sua morte, a Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos deu inicio à publicação de uma coleção de 6 livros para a infância e juventude com textos, alguns inéditos, de Irene Lisboa. Chamou a esta coleção Contarelos, afinal é o nome da sua primeira obra editada em 1926.
Bibliografia:
Literatura, poesia, crónica...
1. Treze contarelos (1926)
2. Um dia e outro dia... Diário de uma mulher (1936)*
3. Outono havias de vir latente triste (1937)*
4. Solidão: Notas do punho de uma mulher (1939)*
5. Folhas volantes (1940)
6. Começa uma vida (1940)*
7. Lisboa e quem cá vive (1940)
8. Esta cidade! (1942) *
9. Apontamentos (1943)*
10. Uma mão cheia de nada, outra de coisa nenhuma (1955)**
11. Voltar atrás para quê? (1956)*
12. O pouco e o muito – Crónica urbana (1956)*
13. Título qualquer serve (1958)*
14. Queres ouvir? Eu conto (1958)**
15. Crónicas da serra (1959)*
16. A vidinha da Lita (1971)
17. Solidão II (1974)*
18. Folhas soltas da Seara Nova, 1929/1955 – Antologia (Paula Morão)
19. Rosalina (2018)
20. O peru voador e Pesadelo de uma manhã de agosto... (2018)
21. Dizia o rio e Soldado de chumbo... cavalo de pau (2018)
Nota:
Os títulos assinalados com 1 asterisco encontram-se publicados na Presença, com organização e prefácios de Paula Morão; os assinalados com 2 asteriscos também se encontram publicados nesta editora. Os 3 últimos são edições da Câmara Municipal de Arruda e pertencem à coleção Contarelos. Noutra altura, apresentaremos a bibliografia pedagógica da autora.
Estes são apenas alguns pormenores da vida desta mulher invulgar, injustamente esquecida por este confuso tempo cheio de equívocos: uma autora com uma admirável, rara e humanitária obra literária e pedagógica que incomodou o Estado Novo.
Dando já o mote para o próximo texto, diríamos que a sua obra pedagógica, se fosse estudada, ou apenas lida, continuaria a incomodar as estruturas educacionais nacionais: “A escola não pode ser um meio artificial, conhecendo a vida apenas por meio de livros. A escola deve ser uma parte verdadeira do mundo, em que a criança se possa descobrir a si mesma” (Irene Lisboa (1942), Modernas tendências da educação).
"Uma procissão é afinal um ato grave, lento e doloroso! Na Arruda, como a procissão saísse pelo entardecer e as ruas fossem estreitas, a multidão soturna e recolhida, subindo devagar, ainda me impressionava mais."
Irene Lisboa,
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Pesquisa: Irene Lisboa- Parte 1: Vida
Este início dos anos 40 do século XX, já reformada sem ainda ter 50 anos, foi de grande produção literária. Foi nestes anos 40 que visitou a Serra da Estrela pela primeira vez, local bastante frequentado pela autora a partir daí. Também os anos 50 foram bastante produtivos a nível literário e o prenúncio do fim desta escritora arrudense. No início desta década, Irene foi operada, pela segunda vez, a um cancro no duodeno no Hospital de São José em Lisboa, nunca deixando de escrever.
A serra, o campo, a cidade e tudo o que os envolve por dentro, tudo o que é quotidiano, insignificante, nada... foi motivo e reflexão e autorreflexão por parte da autora. Irene Lisboa morreu então numa quarta-feira, no dia 25 de novembro de 1958.
Nos fins dos anos 80 e inícios dos anos 90, do séc. XX, Paula Morão começou a estudar a obra de Irene. Iniciou-se então a reedição da sua obra pela Editorial Presença, com prefácios de Paula Morão.
No dia 13 de janeiro de 2013, os restos mortais de Irene Lisboa foram trasladados do Cemitério da Ajuda (Lisboa) para o Cemitério de Santo António (Arruda dos Vinhos).
Em 2014, a obra de Irene Lisboa passa a ser estudada por todos os alunos do Município de Arruda dos Vinhos, desde o pré-escolar ao ensino secundário (com protocolo assinado entre a Câmara Municipal, o Agrupamento de Escolas e Jardins de Infância de Arruda e o Externato João Alberto Faria).
Em 2018, 60 anos depois da sua morte, a Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos deu inicio à publicação de uma coleção de 6 livros para a infância e juventude com textos, alguns inéditos, de Irene Lisboa. Chamou a esta coleção Contarelos, afinal é o nome da sua primeira obra editada em 1926.
Bibliografia:
Literatura, poesia, crónica...
1. Treze contarelos (1926)
2. Um dia e outro dia... Diário de uma mulher (1936)*
3. Outono havias de vir latente triste (1937)*
4. Solidão: Notas do punho de uma mulher (1939)*
5. Folhas volantes (1940)
6. Começa uma vida (1940)*
7. Lisboa e quem cá vive (1940)
8. Esta cidade! (1942) *
9. Apontamentos (1943)*
10. Uma mão cheia de nada, outra de coisa nenhuma (1955)**
11. Voltar atrás para quê? (1956)*
12. O pouco e o muito – Crónica urbana (1956)*
13. Título qualquer serve (1958)*
14. Queres ouvir? Eu conto (1958)**
15. Crónicas da serra (1959)*
16. A vidinha da Lita (1971)
17. Solidão II (1974)*
18. Folhas soltas da Seara Nova, 1929/1955 – Antologia (Paula Morão)
19. Rosalina (2018)
20. O peru voador e Pesadelo de uma manhã de agosto... (2018)
21. Dizia o rio e Soldado de chumbo... cavalo de pau (2018)
Nota:
Os títulos assinalados com 1 asterisco encontram-se publicados na Presença, com organização e prefácios de Paula Morão; os assinalados com 2 asteriscos também se encontram publicados nesta editora. Os 3 últimos são edições da Câmara Municipal de Arruda e pertencem à coleção Contarelos. Noutra altura, apresentaremos a bibliografia pedagógica da autora.
Estes são apenas alguns pormenores da vida desta mulher invulgar, injustamente esquecida por este confuso tempo cheio de equívocos: uma autora com uma admirável, rara e humanitária obra literária e pedagógica que incomodou o Estado Novo.
Dando já o mote para o próximo texto, diríamos que a sua obra pedagógica, se fosse estudada, ou apenas lida, continuaria a incomodar as estruturas educacionais nacionais: “A escola não pode ser um meio artificial, conhecendo a vida apenas por meio de livros. A escola deve ser uma parte verdadeira do mundo, em que a criança se possa descobrir a si mesma” (Irene Lisboa (1942), Modernas tendências da educação).
"Uma procissão é afinal um ato grave, lento e doloroso! Na Arruda, como a procissão saísse pelo entardecer e as ruas fossem estreitas, a multidão soturna e recolhida, subindo devagar, ainda me impressionava mais."
Irene Lisboa,
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